Pausa para os comerciais

Alguém me explica por que raios esses publicitários acham que mostrar baratas nojentas e mosquitos barulhentos na minha TV vai me fazer comprar mais inseticida?
Ah, tá, se eu não vir baratas asquerosas sempre que resolver assistir TV, assim, para relaxar após um dia estafante, não vou ficar com nojo suficiente para manter uma lata de inseticida em casa, para o caso de um inseto resolver visitar.
Claro, preciso ficar constantemente irada com o som de pernilongos na orelha para ter ganas de espirrar um SBP - terrível só contra os insetos (não fossem as propagandas) - quando aparecer um mosquito no meio da noite para me encher o saco. Do contrário, não, não vou nem me importar de o bicho chupar o meu sangue até eu amanhecer anêmica.
Para que matar seus clientes potenciais de nojo, meus amigos? Isso se aprende na universidade? Tem uma matéria específica só de estudos de caso que comprovam que, sem nojo, as vendas caem?
Foi-se o tempo dos simpáticos insetos cantantes do D-D-Drin, que não davam vontade de correr para desligar a TV.
E por falar em nojo, o que são aqueles anúncios gringos mal e porcamente dublados do Listerine, mostrando línguas cheias de bichinho e limo verde? Eu quando vejo saio correndo para bochechar com meu Listerine extra-forte, tamanho o pavor de meus dentes todos caírem com tantos microorganismos trabalhando dentro da minha boca. Ai, que medo! Muito eficaz, principalmente porque sempre colocam em destaque que o sabor do produto é tão intenso que você só falta sair chorando do banheiro de tanto ardor. Ui, não vejo a hora de fazer um bochecho, vou ali no banheiro e já volto.
E outro dia passou um comercial de xampu anticaspa novo que não deu para acreditar... aquele close na risca do cabelo caspento de uma famosa atriz global. Claro que as caspas eram geradas por computação gráfica! Até parece que aquela poderosa tem caspa, duvido. Que efeito, ein? Haja mau gosto.
Agora, um último comentário: qual a empresa responsável pelo levantamento de mercado indicando que os espectadores do canal Sony são fedidos e precisam com urgência usar perfume? É uma propaganda atrás da outra, é Channel, é Dolce & Gabana, e por aí vai... todas com modelos top lânguidas descabelando invejáveis madeixas e rodando em meio a tecidos acetinados. Ah, sim, dá vontade de correr tomar um banho de perfume, meu desodorante vence só de olhar. Preciso de um frasco novo de perfume de 200 dólares para ajudar a sustentar a indústria da alta costura: preciso agora!