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26.5.08

Pais e filhos

Aqui em Sanja não tem muita gente jovem - não que eu conheça, pelo menos. Aquele tipo de lugar povoado por gente mais velha e seus filhos malas adolescentes e crianças. Assim, acabo me relacionando com pessoas mais velhas que têm filhos - nada a ver comigo, mas fazer o quê? Também nunca fui de discriminar ninguém nas minhas amizades - não que eu considere essas pessoas amigas, prefiro chamá-las de eventuais conhecidas. E de vez em quando sou obrigada a acompanhar os papos edificantes sobre os filhos malas - oops! - dessa galerinha.
Percebo que a vida dos coitados gira em torno da escola, mais tarde cursinho e o temido vestibular, logo depois, faculdade. Sinto a pressão só de escutar a conversa; imagino o peso para eles, então. Que sofrem com a obrigação de serem bem-sucedidos em tudo, de se tornarem pessoas competitivas ao extremo (não há alternativa aqui), de terem um desempenho escolar digno dos pais cientistas com cargos magníficos e salários estratosféricos. Bem, nem todos têm salários estratosféricos, mas todos querem que os filhos um dia tenham, claro.
Os pais já ficam em cima se o filho resolve ter um hobby, gosta de jogar videogame, aprecia música, quer ter uma banda, curte muita balada, pratica um esporte - ah, não, isso pode, porque seus filhos têm que ser lindos, saudáveis e magrinhos, é claro.
Observo que, em proporções que variam de acordo com a babaquice da mãe (e do pai), a pressão do sucesso a qualquer custo nessa meritocracia em que vivemos pende sobre a cabeça dessa molecada classe média de hoje como a lâmina afiada de uma guilhotina, como se suas cabeças fossem rolar se não almejarem o mesmíssimo estilo de vida classe média dos papais: apartamento bacana, carro de luxo, viagens todo ano, muito consumo, tudo proporcionado pelas 45 horas semanais que os esperam após o término da saga escolar. Eles nem sabem o que os espera - muito pior do que nem ter tempo de ir à manicure porque tem 25 matérias no primeiro ano de faculdade (onde já se viu uma teen reclamar que não pode fazer a unha porque tem que estudar? Ou eu era um ET quando adolescente ou essa garota é uma peruona).
Pior mesmo é que a maioria dessas universitárias interioranas ocupam a vaga de alguém que realmente pretende e precisa trabalhar a vida toda para depois de tudo casarem e pararem de trabalhar para cuidar da cria e exercer sua pressão sobre os novos infelizes que colocou no mundo.

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