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8.3.07

Vizinhos

A vida toda eu tive vizinhos japoneses. Minha infância passei ao lado da costureira d. Helena e sua família, sua filha era minha melhor amiga, que dormia com os pais na mesma cama, no quarto ao lado do meu, e só tirava nota A.
O marido, seu Paulo, era alfaiate e se levantava antes do sol para passar os ternos. Ele fez o favor de deixar umas revistas pornô desavisadas no banheiro enquanto éramos ainda bem novinhas, novinhas demais pra ver aquelas fotos nojentas! Aliás, a casa toda era meio nojentinha, suja, quero dizer. Minha mãe lutava contra as pulgas que vinham de lá, houve uma epidemia lá em casa! Também, eu vivia com o gatinho da família, o saudoso Chaninho, devia se chamar Pulguinho. Foi uma vida de troca de pulgas e bolos, tortas entre as duas casas, hmmm. E também de crianças pulando o muro ou passando pela caixa d'água de um lado pro outro.
Hoje a casa ao lado está fechada, pedindo uma boa reforma, a Renata, minha amiga, é veterinária e de vez quando a gente se encontra pelo bairro.
Eu mudei de casa e no apartamento ao lado encontrei outra vizinha japinha, a d. Olga, de cabelos cacheados vira-e-mexe presos com bobes, à la d. Florinda. Babá de todas as crianças do prédio, inclusive as maiorzinhas, como eu, que vivia pedindo todo tipo de favor, mãozinha, ajuda pra ela. Um poço de simpatia e prestatividade a d. Olga, inesquecível.
Agora tem um casal de japas mal-humorado aqui ao lado. Não falam nem oi, nem parecem vizinhos japas! Têm uma filhinha que me desperta pela manhã aos berros, não sabe falar baixo, e logo alguém abre a porta do quintal que range do começo ao fim, estou quase dando um óleo Singer de presente. E é range-range o dia inteiro e a máquina de lavar roupa fazendo um ruído enlouquecedor a manhã toda enquanto trabalho, uma coisa meio infernal pros meus ouvidinhos sensíveis (quem me conhece sabe!).
Saudade da d. Olga, da Renata, da d. Helena!

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