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6.7.07

vazio agudo ando meio cheio de tudo*

Acho que nunca vou entender por que pessoas que mal me conhecem, com quem não tenho qualquer intimidade ou afinidade, cismam de me ter por perto, cismam que eu tenho que estar ali. Não dá pra entender, pois não se trata de uma convivência espontânea, de uma amizade nascida das afinidades, da afeição ou da pura vontade de estar junto, que é o que une as pessoas.
Não, é apenas uma convivência forçada pela convenção e acho que meu lado punk se rebela pois na mesma hora eu me arrepio toda, entro em pane e digo: não. Eu não conheço você, não tem porque você gostar tanto de mim assim como alega e exigir ou querer tão desesperadamente minha presença, a não ser por um simples motivo: porque se diz que o certo é assim.
Eu não quero que você me odeie, claro, quero apenas conviver com você a uma certa distância saudável, pelo menos para mim. Como diz o sábio, cada um, cada um, e meu conceito de privacidade pode ser mais estrito que o seu. E por que eu haveria de querer proximidade absoluta se nem consigo ser eu mesma ao seu lado? O que me leva de volta ao início: você mal me conhece.
Isso não é gostar de mim e não necessariamente me fará gostar de você. Eu não só não consigo ser convencional como não consigo tolerar essas convenções malucas e distorcidas. Até quando isso tem que se perpetuar? Quem foi o chato que inventou o casamento?
Família ou é a nossa ou a gente escolhe ao longo da vida. Eu tenho a minha e também tenho alguns poucos e bons amigos que considero muito, talvez não cheguem a ser como uma segunda família minha, mas são meus amigos. E para mim é o bastante. A minha família já é dor de cabeça e chatice suficientes para uma vida. Não quero uma segunda. Quero um namorado, mas não por querer, e sim porque encontrei alguém que eu amo. Não quero um marido nem uma segunda família, nem um segundo pai e mãe, os meus já são ótimos com seus defeitos e virtudes e são o bastante. Amar alguém precisa trazer tantas obrigações junto? Amar precisa ser um fardo a mais? Eu achava que amar tinha que ser dividir os fardos e não somar outros.

*poema de Paulo Leminski

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Essa vida de família é mto complicada mesmo... e o pior.. acho que isso nao mudará nunca!!
Bisous.

6/7/07  

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