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15.10.07

Do papel de um discípulo

Será que para chegar ao tal estado de felicidade plena de um filósofo é preciso antes chegar ao fundo do poço? Questionar tudo, se entristecer e até se desesperar?
O estudo da filosofia mostra a natureza do humano e nos desanima diante desse espelho.
Ontem escutei Paulo Autran em uma entrevista, há não muito tempo, dizendo que o humano nasce do zero, sem nada ter lido da história do mundo, nem de filosofia ou qualquer religião. Portanto, a humanidade não evolui muito, embora a ciência tenha evoluído, e é o que percebemos ao ler filósofos de milhares de anos antes de nós com os mesmos questionamentos, as mesmas dúvidas existenciais e metafísicas, os mesmos vícios e a eterna busca pelas virtudes.
Segundo o ator, o homem terá sorte se estudar bastante e talvez assim alcance um estado mais avançado, mas no geral é apenas mais um selvagem nascendo e pode passar a vida assim, praticamente na barbárie. Concordo, e é como muitos se comportam vida afora mesmo. E o pior é que o verniz de civilização muitas vezes engana.
Creio que não adianta se desesperar ante nossa condição. O importante é agir. Agir conforme a ética, perseguir as virtudes, ajudar o próximo, ensinar, integrar-se o quanto possível com a natureza. Não adianta ficar parado e infeliz ou pensar: nada do que eu fizer vai mudar o mundo, pois o humano é um ser atrasado e sem remédio. É exatamente o contrário. Não podemos deixar o estudo da filosofia nos paralisar, vale mais largar o estudo e tentar viver de forma mais virtuosa do que estudar e desistir de tudo. O que conta é a ação correta, a gentileza com o próximo e mesmo com o não tão próximo e a solidariedade; se você ajudar uma pessoa sequer nesta vida, nem que seja apenas a enxergar essas questões, já terá mudado um pouco o mundo. Acho que é um pouco isso que se quer dizer com discípulo.

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Belíssima reflexão... concordo com você que o certo a fazer é agir e não se desesperar! Um bom dia para você! ;)

17/10/07  

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