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21.11.07

Cidade do silêncio

Peguei esse filme despretensiosamente na locadora nesse feriadão, mas valeu.
A história se passa em Júarez, uma cidade fronteiriça do México onde diversas multinacionais se instalaram, incentivadas pelos subsídios e incentivos fiscais da Nafta, aliados a condições de trabalho que se assemelham à mão-de-obra escrava.
A massa de trabalhadores nessas fábricas - chamadas maquilladoras - é formada sobretudo por mulheres, que segundo conta o filme, na sociedade claramente machista mexicana, aceitam melhor o salário simbólico (5 dólares por dia!) e a falta de direitos e tratamento mais humano. Muitas delas são de origem indígena e fica claro também o quanto esse povo ainda sofre as conseqüências históricas do racismo e da discriminação no seu país. Uma situação semelhante aos negros aqui no Brasil, ao que me parece à primeira vista.
O filme cumpre sua missão muito bem e sensibiliza o espectador diante da absoluta falta de perspectivas de um país explorado pela máquina da globalização, como tantos outros, como toda a América Latina, a África, parte da Ásia. A impunidade reinante na região é patrocinada pelas próprias autoridades mexicanas e norte-americanas, que encobrem os reais números de assassinatos e não se dispõem a investigar e prender os criminosos, que continuam a violentar e matar brutalmente milhares de mulheres anos após ano.
Tudo em nome do lucro exorbitante dessas empresas e de um estilo de vida e um consumismo desenfreado que segue poluindo o planeta, matando inocentes, apoiando guerras e violência a troco de uma suposta liberdade e riqueza tão propagadas pelos norte-americanos, que se orgulham de sua nação sem parar para pensar no preço que o resto do mundo paga por seu desperdício e sua arrogância, que beira a cegueira total.
Este mundo é muito, muito triste.
Não posso deixar de fazer duas últimas observações, a primeira é que finalmente entendi como pode tudo custar tão baratinho nos EUA. A segunda é sobre uma cena em que alguns mexicanos são pegos tentando atravessar o deserto para entrar nos EUA e os policiais de fronteira comentam: Poor people! Achei a coisa mais inverossímil e ridícula colocar essa fala, como se policiais de fronteira fossem ter pena de alguém e não fossem uns guardinhas insensíveis, arrogantes e sádicos. Lamentável, mas o filme se salva apesar disso. O estúdio deve ter obrigado o autor a enfiar essa fala.

Para saber mais: http://www.mujeresdejuarez.org/

19.11.07

For the love of Human Beings, please don't smoke

A propósito do post no Vida Monótona (link ao lado) sobre fumantes, tão pertinente que me estimulou as idéias a respeito, acredito que em algumas pessoas o ato de fumar é a última, ou melhor, a única, rebeldia de que são capazes.
Conheço criaturas que não se arriscam a nada, que nunca fumaram maconha, nunca tomaram um porre de sair engatinhando, não se arriscam nem a dirigir um veículo automotor (aliás, se bobear, nem bicicleta), a aprender a nadar, a sair de chinelo e descabelado pelo bairro, não arriscam sequer a entregar o coração a um amor, mas se acham as últimas das rebeldes porque fumam.
Olha só, estou fumando, estou desafiando a morte.
E outras que só comem comidinha natural, arroz integral, só bebem cachaça orgânica... e se entopem daquela fumaça venenosa, aliás, não está na cara que, se é fumaça, só pode ser tóxica? Alguém por acaso inala escapamento por lazer? Ou faz caminhada na marginal Tietê?
Acho que é o mesmo que transar sem camisinha, será?
Vejam, eu sou um idiota, mesmo sabendo os riscos eu nem ligo.
Ou será que se sentem importantes quando a gente comenta, acham bonito a gente ficar aqui perdendo tempo quebrando a cabeça tentando entender o porquê de tamanha burrice. Ou será que são só burrinhos mesmo? Aaai! Difícil demais, nunca vou entender.
Pior de tudo, vou enterrar um por um dos fumantes da minha vida. Triste demais, também. Só espero não morrer de tanto fumar por tabela, porque se um dia me diagnosticam um câncer de pulmão, acho que eu morro de raiva antes!

A última

Uma bomba, a pérola derradeira, o fim de tudo?
O fim dos meus problemas.
Sim, só me avisem para eu sair antes que ela caia.

Peço desculpas, mas eu adoraria.

15.11.07

Piss off

"Não me diga que me ama
Não me queira não me afague
Sentimento pegue e pague
Emoção compre em tablete
Mastigue como chiclete
Jogue fora na sarjeta
Compre um lote do futuro
Cheque para trinta dias
Nosso plano de seguro cobre a sua carência
Eu perdi o paraíso mas ganhei inteligência
Demência felicidade propriedade privada
Não se prive não se prove
Dont't tell me peace and love
Tome logo um engov pra curar sua ressaca
Da modernidade essa armadilha
Matilha de cães raivosos e assustados
O presente não devolve o troco do passado
Sofrimento não é amargura
Tristeza não é pecado -
Lugar de ser feliz não é supermercado" (Piercing, Zeca Baleiro)

11.11.07

Pearls

.Não olhe agora, mas aquele é o "nosso" VP
.- Ele tem que ganhar dinheiro pra comprar seu brinquinho. - Mas eu só uso brincão, querida! (pena que essa resposta só me ocorreu agora, rarará)
.Meu marido trabalha com qualidade, não faz nada incompleto (salvo pela escolha da esposa, talvez?)
.Se não dá pra trocar o casamento, troco a decoração da casa
.- Deveria ter comprado essa calça 34, 36 está larga. - Minha filha pequena usa 34!
.Não, não dá para imaginar minha vida sem meu pai (mas se você imagina até que está namorando!)
.- Está gostando daqui? - Não dá pra gostar daqui, sou de SP. - Não, quero dizer do condomínio. (rarará)
.O chef está de mau humor, devolva esse prato
.Entre nós é conhecida por Vivilane ou Vivigarista
.Gente do interior é engraçada (no sentido de curiosa, rarará)

E a melhor de todas:
.Eu achei que ali fosse um bordel

5.11.07

As mesmas coisas, Júpiter Maçã

A música-tema do filme Wood&Stock, que vi este fim de semana, é tão engraçada quanto esses dois personagens figuras de Angeli!
Só pela letra não dá pra sacar o quanto é comédia! Mas foi o que consegui, quem quiser escutar tem que alugar o filme:

"Nós gostamos das mesmas coisas
Nas pessoas os seus amores
Apreciamos nas flores as cores
Mas meu amor a gente junto, não rola
E você sabe meu amor, não rola

Nós usamos as mesmas roupas
Nós gostamos dos mesmos discos
E nos filmes a trilha sonora
Mas meu amor a gente junto, não rola
E você sabe meu amor, não rola

Nós dançamos do mesmo jeito
Os cabelos do mesmo jeito
Nós amamos os mesmos amigos
Mas meu amor a gente junto, não rola
E você sabe meu amor, não rola

Nós fazemos as mesmas coisas
Nós falamos as mesmas coisas
Nosso idioma é a mesma língua
Mas meu amor a gente junto, não rola
E você sabe meu amor, não rola

Eu vou mandar um bilhetinho
Por terceiros com carinho
Vou fazer um convite bacana
Mas meu amor a gente junto, não rola
E você sabe meu amor, não rola"