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27.9.07

Plus-que-parfait

A tradução do que pensei da América, de seu povo e dos imigrantes que lá residem:

"Olha o sol tingindo a madrugada
Um calor intenso estranho invade aos poucos o meu peito

É uma paixão incontrolável eu não consigo resistir
Comprar, comprar, gastar, torrar
Eu não vivo sem consumir
Sou o gatilho mais rápido do oeste
Com um American Express na mão
Já tenho 3 rifles em casa
E não vejo a hora de sacar mais uma vez a carteira
Aquela belezura prateada e automática
Logo, logo reforçará a minha coleção

Soy loco por carros novos
Um modelo pra cada ocasião
Vibro imaginando a quantidade de ozônio devastado
Cada vez que acelero meu novo 4/4
Se alguns desses abraçadores de lagoas
Estão mesmos dispostos a perder seu sono com isso
Vão em frente!
Quanto a mim, estou ocupado demais
Tentando decidir como investir e gastar bem meu dinheiro

Liberdade, Liberdade!
Regulação é o mesmo que censura

Dane-se o planeta!
Danem-se as futuras gerações!

E é por isso, Sol, que eu sou apaixonado
Sou fanático e posso até morrer por ti, América

Eu tive um sonho
Diante da minha nova TV de 500 canais
Me deparei com um estranho episódio dos Simpsons
A Floresta Amazônica havia se transformado num imenso deserto americano
Conheci a doce e ingênua Solange trabalhando por lá
Num dos milhares de postos da TEXACO
Ela atendia a todos que paravam com o mesmo sorriso largo
Dizendo “bem vindo ao deserto do Real”
Convidei-a para um café e ela terminou me contando
Que tinha acabado de chegar da América
Triste, desolada, confessou que tinha sido deportada.
Pra minha surpresa Solange topou viajar comigo de ultraleve
A centésima parada foi numa praia deserta próximo a Tijuana no México
Olha o Sol tingindo a madrugada...

Quando ela menos esperava estávamos sobrevoando a noite de balão
O trecho do muro, daquele imenso muro que adentra o Pacífico
Solange no entanto não se alegrou
É difícil viver na clandestinidade, ela lembrou
Então eu lhe contei que seus problemas tinham acabado
Pois eu conhecia uma maneira muito simples de conseguir o Green Card
É só a gente se alistar para o glorioso exército americano
Em pouco tempo nos tornaríamos fuzileiros
E viveríamos juntos, felizes e totalmente realizados
Torturando aqueles vermes mulçumanos na base de Guantánamo em Cuba.

Um calor intenso estranho invade aos poucos o meu peito
Acordei suado e triste por ainda estar aqui
Mas de toda forma saiba
América
Yo soy loco por tí!
América
Yo soy loco por tí!"

(Soy Loco por Sol, Mundo Livre S/A)

O vácuo

Às vezes a gente quer muito saber o que passa pela cabeça de uma criatura, fica só imaginando o que aquele ser cheio de mistério estará pensando.
Quem neste mundo nunca deparou com um verdadeiro enigma ambulante?
A vida passa e a experiência me leva a concluir que, geralmente, nesses casos, não passa é nada nessas cabecinhas. É puro vácuo, portanto melhor desencanar e parar de tentar descobrir seus pensamentos = zero.

24.9.07

Puro stress

Hoje em dia os médicos atribuem todos os males ao stress da vida moderna. Eu que não vou me dar ao trabalho de ir ao médico perguntar por que me doem as costas, por que meus cabelos caem demais, por que me nascem manchinhas na pele, por que ando esquecendo tudo - até as palavras!
Posso apostar na pergunta: você anda muito estressada, seu dia-a-dia é muito estressante? O médico iria cair do cavalo comigo e prefiro evitar o constrangimento de ir até lá responder: Não, eu não me sinto estressada, meu dia-a-dia é tranqüilo, moro e trabalho em um local bucólico, não pego trânsito para trabalhar, não tenho chefe e ultimamente a Internet anda bem estável então, sem problemas.
Pensando bem, fiquei curiosa para ver a cara do doutor.
Será que o meu problema é justamente a falta de stress?
Durante as férias eu comecei a esquecer as palavras. De repente já não me lembrava como era estrada em espanhol, só fui relembrar agora quando vi escrito não sei onde (já não me lembro, mas pelo menos ainda estou lembrando da palavra!). Pensava uma coisa e falava outra e comecei a chamar tudo de "negócio": Pega o negócio ali dentro do negócio rosa? Já ninguém me entendia. Aliás, isso de pensar em uma coisa e falar outra também se aplica à escrita: eu penso em uma coisa ou pessoa mas dou outro nome; imaginem vocês, caros leitores, os efeitos devastantes desse "negócio" na vida de uma tradutora.
Nos últimos tempos também esqueci episódios inteiros da minha vida, como uma viagem à praia que minha amiga mencionou e da qual não me lembro.
Talvez a fonte do meu stress na verdade seja os próprios sintomas de stress. Fico nervosa por não lembrar das coisas, pela queda de cabelo e sem energia por culpa das dores musculares crônicas.
Só peço que ninguém repare se eu escrever alguma grande bobagem aqui ou trocar algum nome por outro que não tenha nada a ver, pois não é difícil de acontecer, não.
Acho que sou um caso de stress causado por stress, um círculo vicioso em que mesmo depois de me livrar do stress não consigo me libertar dele. Um caso para estudos científicos mesmo, quando morrer podem doar meus restos mortais para a universidade, viu?

20.9.07

Improvement

Ando revisando textos esses dias. Acredito que todo tradutor deveria ter um passado de revisor, sem querer me gabar, mas meus dois anos de experiência como revisora de textos exclusivamente em português me ensinaram muito a não cometer erros traduções afora.
Bom, depois de penar por uns dias revisando traduções feitas automaticamente (sim, por computador, por uma máquina, por uma suposta inteligência lingüística artificial!), peguei uma tradução feita por um tradutor de carne e osso e em alguns momentos, francamente, parecia que a máquina é que tinha escrito aquilo ali. Tudo tão literal, apegado ao texto em inglês. Tudo não, mas alguns trechos.
Além de revisor, o tradutor deve também praticar sua escrita. Olha eu aqui recomendando a todos os meus colegas que fundem um blog também! Na verdade, esse blog é mesmo um ótimo exercício, porque o cérebro enferruja, a escrita se deteriora, não tem jeito. Ainda mais traduzindo textos técnicos, tão específicos.
Sem querer me gabar novamente, sei que tenho muito a aprender e melhorar como profissional, sem dúvida alguma, mas tem tradutor por aí que não sei, não... talvez acredite que ter passado alguns anos em uma universidade garanta grande habilidade na escrita e isso não é verdade em absoluto.
Também recomendo voltar à universidade, ou pelo menos freqüentar cursos, informar-se do que está sendo estudado e desenvolvido, que não é pouco e também não é de pouca ajuda. Lingüística de Corpus, Machine Translation... são todas matérias que, mesmo sem muita aplicação prática no nosso trabalho diário, podem ajudar a pensar melhor diversas problemáticas da tradução, pois partem dessa reflexão, e é por meio dela que o nosso trabalho pode melhorar.
Agora, sem reflexão, sem ler textos de qualidade, sem escrever sobre outros assuntos nunca, sem outros interesses intelectuais, culturais... daqui a pouco a tal máquina de tradução vai nos substituir mesmo!

19.9.07

Surpresas da vida

Sempre me espanto com algumas pessoas, como aquelas que demonstram ter sempre certeza de tudo. Parece que antes de nascerem alguém escreveu um roteiro para suas vidas e elas vão só seguindo.
Essas pessoas me lembram aquelas que parecem nunca ter problemas. Obviamente que isso é só aparência, não existe vida perfeita sem um problema sequer, mas algumas pessoas têm o dom de guardar para si suas dúvidas, receios, vexames, sem deixar ninguém ficar sabendo.
Outras que me surpreendem são aquelas que conseguiram algo que muitos batalham para ter e não conseguem de jeito nenhum ou simplesmente almejam como um sonho quase impossível... e não estão nem aí! Desdenham e até criticam aquilo que é o sonho de tanta gente.
Eu confesso que, além de me espantar, essas pessoas me irritam um pouco, mas isso é porque eu não consigo esconder meus próprios vexames... eu deveria aprender com elas, mas... eis um sonho distante para mim.

17.9.07

Café

Acho que minha vida anda besta mesmo, porque sábado fiz café aqui em casa pela primeira vez e fiquei supeeer feliz por isso.

Sobre a Califórnia

A Califa... eu sempre quis conhecer. Confesso que me decepcionou em alguns pontos, já em outros, me surpreendeu positivamente, como as praias, que não esperava serem tão bonitas. Aliás, o que mais vale a pena para o turista lá é a paisagem natural, pena que os americanos parecem gostar de criar ambientes artificiais, totalmente desnecessários. Deveriam aproveitar (e preservar) melhor a natureza que têm ali, belíssima, e deixar pra lá toda essa cultura de plástico deles.
Pois é... em vez de flores no cabelo os californianos agora usam óculos de sol da Dior e uma fitinha ridícula colada em seus carros poluentes, que diz: We support our troups. As poucas vozes dissonantes usam essa fitinha para esboçar um protesto fraco contra as guerras, mas imagino eu que motivadas somente pelo zelo egoísta aos jovens soldados americanos, o que para falar a verdade não difere muito da época do Vietnã. Mas aqueles tempos devem ter sido bem diferentes, sim. Será que o sonho acabou mesmo?
De qualquer forma, ainda tem muito maluco por aquelas bandas, principalmente em Los Angeles. Não sei o que faz aquela terra abrigar tanta gente doida, acho que todos simplesmente se sentem muito à vontade para serem o que quiserem, apesar dos pesares. Sinceramente, não consegui concluir nada, se alguém souber por que tem tanto maluco por lá, me conte.

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A quem interessar possa, eu tenho o roteiro ideal para conhecer a Califórnia! Claro que minha viagem foi toda ao contrário e acabei não conhecendo alguns lugares (quem sabe não volto daqui a uns 10 anos?). Se eu fosse agora para lá, desceria em LA, alugaria um carro para passear um fim de semana lá, depois pegaria um vôo de ida a San Francisco (isso existe, vôo só de ida?). San Francisco dá para curtir em uns cinco dias, a cidade não é tão grande (embora seja uma "cidade grande") e é bem menos espalhada que as outras. Eu me hospedaria em downtown. Depois alugaria um carro para descer a costa até San Diego. Antes, passaria uns dias no parque Yosemite, que dizem ser lindo, eu não cheguei a conhecer. Descendo a costa pela CA-1 highway (que foi uma das coisas mais legais que fiz na viagem, é deslumbrante), faria uma parada por um, dois dias na cidade de Carmel, que também não pude conhecer e fica a nem duas horas de SF. Mais para frente tentaria me programar para passar a noite em alguma outra cidadezinha no caminho, deve ter muito lugar bacaninha - só para não ficar muito cansativo, se desse tempo. Chegando a San Diego, ficaria uns dez dias, para dar tempo de conhecer várias praias, inclusive algumas próximas, como a Laguna Beach, que fica no Orange County e é muito linda. Tentaria voltar de trem a LA, desta vez hospedada perto das praias, que não ficam longe do aeroporto. Deixaria para conhecer as praias de LA ao final da viagem, portanto: Venice, Santa Monica e Malibu, vale a pena tirar uns dois dias para conhecer e curtir a praia mais uma última vez.

11.9.07

Sweet home

Voltei e caio na estrada hoje de novo, finalmente vou para casa! Por pouco tempo, volto amanhã... Tá, eu moro aqui, mas onde me sinto em casa mesmo é em SP.
Engraçado que em nenhum momento da viagem eu senti saudade de casa. Em Alcatraz eu até agradeci aos céus pelo conforto da minha casa, mas só... não senti saudade de nenhum detalhezinho daqui, como costumamos sentir, nem vontade de voltar para casa, pelo menos não que eu me lembre. Será que algum dia eu vou me sentir em casa aqui em Sanja?

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Pior é voltar e ver que nada mudou. A gente acha que vai viajar, dar um tempo, e tudo vai ter se resolvido na volta, mas as coisas continuam todas iguais.