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30.1.08

Alívio

As férias da GH acabaram na hora exata - hoje.
Eu estava precisando relaxar, me mexer, controlar a ansiedade.
Depois de vários dias agitados e de algumas novidades que me deixaram alerta, foi bom poder parar e me observar, acalmar a respiração, parar de pensar no que me aflige para prestar atenção aos movimentos, ao fluxo de ar entrando e saindo pelas narinas.

E por falar em coisa boa, estou relendo El libro de los abrazos.
Veja a proposta que Eduardo Galeano faz a um amigo, em um dos contos: formular "el marxismo mágico: mitad razón, mitad pasión y una tercera mitad de misterio".
Leiam, leiam, leiam. Se quiserem até empresto o meu em português; só porque o espanhol não sai mais da cabeceira. Mas leiam esse livro.

29.1.08

Off routine

Semana passada fui trabalhar em SP e como sempre queria aproveitar tudo. Ver todo mundo, me atualizar de todas as últimas fofocas, ir a todos os lugares.
Em seguida, no aniversário da supracitada cidade, recebi aqui em casa uma célebre visita e a mesma coisa: comprinhas, parque, churrasco, barzinho.
Ontem a casa foi dedetizada e passei o dia trabalhando em outro lugar, meio torta e sem beber água.
A conclusão só pode ser a de que estou ficando velha. Estou exausta. Claro que adorei tudo, tirando trabalhar fora do meu canto, no pior momento possível, bem depois de uma semana tão atribulada.
Aproveitei, me diverti, desabafei, gargalhei - mas me cansei. Sair da rotina esgota nossas energias, apesar de manter nossa sanidade mental, sem dúvida debilita a física.

18.1.08

Banheiro

Outro dia a Graça, que limpa a minha casa, teve a brilhante idéia de se fechar na lavanderia para passar roupa.
Eu ainda dormia quando ouvi o gato mexendo nas bolinhas de argila aqui embaixo, corri para impedir, mas não deu tempo, ele já estava tentando enterrar um belo de um xixi com as bolinhas.
Tive que limpar tudo às sete da manhã, e ainda dar uma leve bronca na faxi por ter deixado o gato sem banheiro.
E ele, que já fica impossível quando ela está aqui... sem entender nada do meu mau humor!

17.1.08

Simples assim

Dormir embalada pelo radinho de pilha, melhor dizendo, pelo MP3 do celular.
Adormecer sem me dar conta do som, relaxar sem perceber.
A intimidade pode ser bem boa, quando não se criam altas expectativas.

16.1.08

Maternidade

Depois do susto da semana passada ao pedir socorro com ares de pata quebrada, hoje o gato resolveu caçar uma pobre borboleta - e ainda ficou nervosinho achando que eu queria lhe tomar a grande presa quando tentei intervir.
Como é difícil liberar os filhos para o mundo, ou o gato para o quintal.
Só espero que ele não vomite.

15.1.08

Sonho em preto e branco

Mergulhamos, os sons das balas disparadas contra a água nos seguindo. Afundo o máximo que posso e nado para longe, tentando soltar o ar devagar para não ter que vir à tona.
Questão de vida ou morte.
Até que não posso mais e subo, deixo só o nariz de fora para respirar, as balas e os gritos ainda se ouvem de perto. Tomo fôlego e desço de novo, nadando cada vez mais longe e fundo.
Voltando a emergir, encontro-me já bem distante da praia, e sozinha. Nado o longo caminho de volta e me preparo para enfrentar o ar frio fora da água. Decido correr para me manter aquecida. Estou nua, não posso correr assim por aí. Arranco algumas folhas de árvores à beira da praia para enrolar-me.
Corro até sua casa e peço-lhe abrigo. Quem diria?
Há um banho bem quente preparado para mim, mas alguém me visita no quarto. Acabo nem entrando na banheira, que tem uma tampa de vidro, deve estar bem quente - mas na cama está mais quente.
Chamam-me para comer, afinal, estou faminta depois de tanto exercício. Entro na cozinha da casa da minha avó, minha tia e a empregada estão lá e uma bela torta de palmito me aguarda. Aqui as cores voltaram.

14.1.08

O que fazer?

Ando sem saber o que fazer com o blog.
Cheguei ao post 101, quem diria. Eu, sinceramente, achava que não passaria do décimo.
Ando sem paixões, acabo só reclamando. Deve ser por isso que já quase ninguém me visita por aqui.
Um diário para quem não faz muita coisa. Se fosse descrever meu dia-a-dia, isso aqui estaria extremamente monótono e repetitivo.
Os pontos altos da semana poderiam ser um filme que vi ou um telefonema. Ou o susto que meu gato me pregou outro dia ao chegar com a pata dependurada na cozinha. Foi apenas uma picada de marimbondo ou algum outro inseto-ninja que conseguiu se defender do caçador da casa.
Se Guillermo Arriaga pode ser caçador, porque Nieztche (aportuguesado para Níti) não pode?
Vejamos como seria um diário por aqui:

Hoje acordei às 9h, pus o lixo reciclável na porta, deixei o Níti sair e ele chafurdou no canteiro recém-plantado e ficou todo sujo, mas logo estava limpo de novo, sabe-se lá como os gatos conseguem essa proeza, e foi liberado para dentro de casa.
Almocei uma sopinha de abóbora que havia feito no fim de semana, salpicada com cebolinha da minha própria horta capenga, super saborosa. Assisti televisão, de olho no gato, que deixei sair pro quintal de novo.
Minha irmã ligou, liguei pro meu vô, preocupado por ter lido sobre chuvas fortes aqui na região.
Li e-mails e tive a péssima notícia de que atrasei uma nota fiscal e vou levar 15 dias a mais para receber um trabalho. Corri ao correio para enviar. Por correr quero dizer fui de carro, aproveitei para passar na padaria e comprei pão integral.
Ah, antes percebi que o gato - de novo! - tinha feito umas bolas de argila aqui da sala de penico e tive que recolher tudo.
Daqui a pouco vou tentar, como tenho feito a cada dia sem sucesso, me convencer a fazer uma caminhada, afinal as coxas já não estão cabendo nas minhas calças e, seguramente, nem a gordura nas minhas artérias. Vamos ver se me convenço!
Além do mais, meu cartão finalmente chegou, depois de um mês sem poder gastar.
E vai chover de novo já, já. Será que vou ter que adiar a caminhada...

9.1.08

É o fim do mundo

A professora pediu, vamos lá, desenvolva, "o que você faria se só lhe restasse um dia"?
O que posso dizer sobre isso que já não tenha sido dito?
Sem dúvida ficaria muito triste; tanto tempo perdido sozinha dentro de casa, trabalhando, enquanto as pessoas que amo estão espalhadas por aí.
Quanto não deixei de ver, de fazer, de viver? Em um dia não poderia recuperar todo o tempo jogado fora prostrada em frente à televisão, trancada com medo da minha própria solidão.
Por outro lado, a vida não é isso mesmo? Todo o ócio e a ação fazem parte da mesma existência.
Tenho certeza de que me arrependeria de todos os medos, das angústias e vergonhas. Já me sinto arrependida, todos os dias, porque todos podem ser o último. Nunca saberemos, pode ser, não pode?
Mas voltemos ao tema, o que eu faria, o que eu faria?
Não sei, não tenho a mais vaga idéia.
Se pudesse congelar momentos perfeitos, para revivê-los então. Aquele beijo, aquela festa, uma viagem; o primeiro "oi" que trocamos; "voar" nos ombros do papai quando criança.
Só que não dá, esses só ficaram na memória.
Poderia marcar um baile do Baleiro e reunir todo mundo que me diverte, com quem me sinto bem, com quem me sinto livre - e deixando de fora todos que me incomodam, pelo menos nesse dia. Por outro lado, ia ficar com pena do Baleiro, o mundo acabando e ele aqui tocando para nós, longe da família. Se bem que para um músico não há satisfação maior que tocar, quem sabe ele não gostaria também?
Seria uma boa, desde que fosse na praia e a gente dançasse até o sol - não - raiar, tudo regado a muito espumante, com frutas e chocolate.
Sem preocupações, só sentindo a vibração da música, das ondas, da alegria compartilhada e do vinho fazendo efeito. Seria uma bela festa.

2.1.08

Vou para a cruz?

Assim como adoro o mês de julho, dezembro para mim é o pior do ano... muito trabalho, pouca grana, compras de Natal para completar o buraco e o pior de tudo: os eventos natalinos. As famigeradas boas festas.
Este ano nem entrei no clima, mas apesar da família meio incompleta, meio completada com novos estranhos, foi boa a noite de Natal, ainda que longe do marido. Foi agradavelmente suportável.
No dia de Natal encontrei pessoas que não vejo muito e gostaria de poder ver mais. Se Natal é reconfraternização, então o meu foi dentro dos conformes, apesar de tudo.
O Ano Novo foi horrível. Aquela pressão para festejar mesmo fora do clima, mesmo sem vontade, sem os amigos por perto, sem ter feito uma viagem legal, sem ter uma festa legal para ir.
Ficar em casa nessa data só não é pior do que viajar para um lugar ruim com pessoas nada a ver. Já tive últimos dias do ano piores que este, mas sem dúvida já tive melhores.
Só posso concluir que... ainda bem que passou!
O que dói é ver a cada ano piorar, a gente é que vai calejando e agüentando melhor. Todo esse comércio, essa obrigação de sorrir, de curtir, de ter amigos, de ter dinheiro. O Natal gira em torno disso, obrigação de transparecer felicidade, é como se o menino Jesus viesse nos socar felicidade goela abaixo, pela televisão, pelo rádio, pela Internet.
Seja feliz, felicidades, prosperidade, sucesso, saúde.
E se não der pra ter tudo isso no Ano Novo, tudo bem? Vocês me perdoam? Preciso me sentir culpada?
Vou para a cruz se eu não for feliz?