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27.3.08

Psicologia reversa

Conhecendo como conheço os gatos em geral e meu Friedrich em especial, peguei-o no colo porque estava com preguiça de tê-lo no meu colo enquanto trabalho e ele não parava de miar - como sempre.
Dito e feito, ele saltou na mesma hora para o chão, batendo a testa na escrivaninha, tamanho o orgulho desespero da criatura! E foi-se embora.
Ele pode até querer colo, mas ele tem que vir e se instalar, entendeu?
Se você, dono desavisado, quer que o seu gato faça uma coisa, tente persuadi-lo ao contrário: pura e simples psicologia reversa aplicada a esses felinos apaixonantemente irritantes.

Vixe, não deu muito certo! Exatos cinco minutos depois de eu escrever isso, ele voltou e se instalou no meu colo.

O preço

Ela tinha só 14 anos. A infância pobre, mas não miserável, deixada pra trás, mas não sem olhar pra trás.
Na cabeça, o sonho pueril de ser outra pessoa, de ter outra vida. Na verdade, apenas resignação à vida simples, mas não pobre, pela frente.
Toda a vida dedicada a uma família que não era a sua, mas que foi-se tornando sua nova família, sem no entanto tomar o lugar daquela que ficara lá, naquela cidadezinha poeirenta onde a terra vermelha queima sob o sol incandescente.
Aqui, garoa e céu nublado, asfalto e concreto. Algum luxo, mas trabalho duro servindo àquela que agora era sua família. Com direito a tudo, intrigas, desafetos e amor incondicional. E, acima de tudo, dedicação incondicional.
É admirável sua capacidade de adaptação, de entrega e doação ao próximo. Qual o preço de uma vida? Cada uma tem o seu; o dela, um teto, um salário digno, uma oportunidade, mas não só isso, também amizade e a boa e velha sensação, nem que seja ilusória, de pertencer. Pertencer a uma família, ter um lugar no mundo.
Nem que isso custe a sua vida, nem que pra isso você precise renunciar a si mesmo para tornar-se parte integrante de outra coisa que não é sua.
Admirável, mas triste, ou antes espantoso de tão triste.

13.3.08

Fundação

Se tem uma coisa legal aqui em Sanja city, é a Fundação Cultural Cassiano Ricardo, batizada em homenagem ao mais célebre poeta da cidade.
O slogan da FCCR é "Arte e cultura ao alcance de todos". Não poderia ser mais verdadeiro.
A Fundação é responsável pela maior parte da articulação cultural na cidade. Traz ao público diversos pequenos festivais ao longo do ano, de música, dança, teatro e literatura, ajudando a divulgar e a incentivar os artistas da região.
Seus espaços culturais espalhados pela cidade oferecem exposições e espetáculos, além de oficinas gratuitas de arte e artesanato. Acabo de me tornar aluna da oficina de tecelagem, que ocorre todas as tardes de quarta no Parque da Cidade, que é um dos parques mais lindos que já visitei (e olhe que já visitei vários), com direito a paisagismo de Burle Max e tudo!
Não só aprendo a tecer, como posso admirar jovens bailarinos a ensaiar e trabalhos de escultura, pintura, mosaico. Arte concretizada graças a essa Fundação, em um belo exemplo de boa organização e investimentos bem direcionados na administração pública.

Site: www.fccr.org.br

12.3.08

O tigre e o dragão

Sim, o gato brigou com a gata invasora. Eles subiram no telhado e não pude fazer nada.
Eu deveria ter feito mais. Ele voltou com os olhinhos todos arranhados e sangrando.
Eu deveria ter impedido. Agora ele vai virar um gato de apartamento.

11.3.08

Refresco

Terça é um dia bom, não preciso sair de casa, não vem ninguém aqui em casa; posso me dedicar ao trabalho sem interrupções. Fico me sentindo esquisita por celebrar não precisar sair de casa - será que estou ficando velha? - mas pelo menos há outros dias em que me obrigo a sair, invento afazeres e compromissos que me tiram de casa, ou pelo menos saio para almoçar. Na verdade, o pique para sair de casa é baixíssimo desde que me mudei pra cá, principalmente em dias de muito calor. Não me levem a mal, eu não sou daqueles que adoram frio e xingam o sol, mas talvez no inverno consiga sair mais da toca, porque o sol na cabeça aqui em Sanja é um negócio "mesopotâmico" - e sem mar no fim da rua para me refrescar, não dá!

6.3.08

Eu ia escrever aqui sobre alguém, mas decidi que simplesmente não vale a pena gastar ainda mais energia com esse algúem.