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27.4.07

Motivo

para ter filhos nesta vida, em plena era pré (pré?) colapso terrestre: tentar fazer tudo certo desta vez.

La lluvia y la basura

Após duas semanas sem colocar o lixo reciclável pra fora, sempre perdendo a hora (passa de segunda e sexta de manhã), hoje coloquei mais de 10 sacos ali na porta. Ainda mais que organizei minha mudança e joguei muito papel fora.
Pior foi a chuva, na terceira viagem até lá fora (o recuo aqui é grande) resolvi abrir um guarda-chuva, e foi uma cena bonita, parecia uma londrina voltando das compras, uma versão "pretty woman" inglesa.
Não sei por que os raros transeuntes ficam olhando (só mais um parêntese: minha janela deixa entrever o que se passa bem no ângulo onde fica o lixo), só porque tem uma montanha de lixo na minha porta?
Ora, eu não vou colocar o lixo que separo com todo o cuidado no dia errado. Hoje só saí da cama por que lembrei disso!
Não é por nada, mas pela primeira vez sinto-me um exemplo a ser seguido, oh...

Estou aqui rindo observando o lixeiro separar tudo com cuidado, meio passado com a quantidade de sacos. Ele tem um saco separado pros idiotas que jogam lixo orgânico no dia errado. Sim, é verdade, em Sanja City há coleta seletiva!

26.4.07

Cova rasa

Por que um sorriso expansivo vale mais que o caráter de uma pessoa?
Que lugar é este onde o valor maior reside naquilo que é mais superficial?
Puro jogo de interesses trasvestido de normalidade.
Hipocrisia? Perdão? Amor?
Gozado como perdão e amor se aplicam somente a pessoas, digamos, "interessantes", ou melhor dizendo, de quem é interessante manter-se perto por algum motivo tolo. A boa e velha corrida pelo status.
Não consigo me encaixar nem entender nada.
Acho que li muitos contos de fadas, me iludi e a realidade é bem diferente.

25.4.07

Penso, logo...

Esse negócio de pensar só atrapalha, principalmente no que se refere a sexo. É muita complicação esse lado da vida humana, é ou não é?
Por outro lado, justo quando não deveríamos, somos guiados pelos instintos.

23.4.07

De ressaca

Para mim há vários tipos de ressaca: ressaca de comprar muito no dia anterior, ressaca de comer demais no fim de semana, ressaca quando acontece uma tragédia e você acorda e acha que sonhou, ressaca de pinga, ressaca de passar o dia com um monte de gente chata.
Hoje definitivamente esta última me assola. É uma ressaca da alma, não física, você se sente meio aéreo, meio angustiado, triste.
Eu não me considero a pessoa mais sociável do mundo nem o oposto disso. Tenho minha dose de timidez, mas nada exagerado ou que beire o patológico, mas existem pessoas e lugares que não me deixam à vontade de jeito nenhum.
Eu não consigo encontrar assunto nem me sentir bem ao lado de determinadas pessoas, não consigo ser eu mesma, não consigo levantar uma afinidade sequer, é muito desconfortável.
Geralmente essas pessoas falam alto demais ou simplesmente falam demais, existe um padrão aí, mas nem sempre esse tipo de pessoa me deixa tão desconfortável. Acho que eu precisaria de anos de terapia para superar esse pânico. E é difícil não ter ninguém com quem conversar sobre isso, não ter ninguém pra quem eu possa admitir esse negócio que me incomoda de tempos em tempos, quando sou obrigada a passar por essas situações de desconforto.
Pior mesmo é essa necessidade de ser aceita por gente que eu considero desprezível, sem no fundo nem saber o porquê, na verdade deve ser por puro despeito, por esse desconforto que me provocam, se bem que não temos mesmo nada em comum.
É isso: ressaca geral. Ainda bem que não trabalho hoje.

20.4.07

"Gira a entreter a razão este comboio de cordas que se chama ♥"

A propósito do post da Ro (Aos olhos de uma mulher) sobre o “anjo no cinema”, que é de deixar arrepiada, deixo aqui uma pergunta que muitas vezes quis fazer aos homens (não muitos eram anjos, não!) que não eram da minha vida, mas por ela passaram: por quê?
Ah, eu já repeti essa indagação um bom par de vezes nesta vida. Por que sim, por que não? It´s not you, it´s me? Por quê?
Só sei que - não porque - um belo dia as engrenagens se encaixam com perfeição.
Sim, o amor pode ser uma engrenagem que se encaixa direitinho e gira, gira.
Apesar das dúvidas todas que às vezes ameaçam degringolar tudo, dos conflitos que ainda assim não cessam.
Um golpe de sorte, obra do destino?
A dúvida continua...

15.4.07

Amélie americana?

Elizabethtown é um dos filmes mais "American roots" que vi nos últimos tempos. Em meio ao antiamericanismo atual, acho que estão precisando se auto-afirmar mesmo.
Eu, que sou chegada a um road movie, até gostei, mas isso também porque adorei o Fabuloso destino de Amélie Poulain, claro. Sim, porque a heroína é uma versão loura e americaníssima da Amélie, um plágio, eu diria.
Até aí, tudo bem, personagem simpática e comovente de uma história de amor regada ao culto ao velório dos americanos que eu acho que nunca vou ser capaz de compreender, mas tudo bem também.
"Tudo bem!"
"Espere, Gabi, agora você já pode ser mais exigente!"
O final, ou melhor, the end, é pura imitação do filme francês, uma verdadeira paráfrase. Admito que, na película americana, foi mais a maneira que o cara encontrou de acabar o filme, sendo que na francesa a seqüência toda das pistas e bilhetinhos tem tudo a ver com a essência da heroína. Ainda assim, podia ter sido um pouco mais criativo.

14.4.07

Com você... pra me salvar!

Esta letra aí embaixo tem muito a ver comigo, destrambelhada que sou, com algum destaque para o dedo sangrando.
O que eu me machuco não é brincadeira. A ponta do meu dedo é meio dormente pelo corte feito tentando abrir um pote de sorvete (totalmente assassino, se isso aqui fosse os Iuéssêi eu processava a Kibon). Pior que eu quase desmaiei sozinha em casa, o sangue jorrou forte.
Outro dia eu estendendo roupa, começa a chover, a eletricidade pisca e eu saio correndo pra tirar o computador da tomada, resultado: escorregaço no meio da sala.
Como morei quase a vida toda em sobrado, vivia desabando da escada.
Minha mãe tomava um susto com o barulhão! Uma vez caí reta, de cara mesmo, e fui descendo igual a um cadáver degraus abaixo, só parei na curva; é que acordei correndo e tive uma vertigem.
E doutra vez fui pular alguns degraus e dei com a tampa da cabeça na viga da sala! Aai! Pior é que tinha uma pessoa na porta me esperando e eu, tonta, rolando de dor no sofá. A mulher não entendeu nada.
Por falar em tampa, outro dia quase arranquei a tampa do dedão com meu próprio calcanhar do outro pé, essa doeu.
Sei que vivo caindo e me machuco, me corto muito na cozinha, morro de medo de um dia ainda decepar um dedo por culpa de uma cebola qualquer, e o namorido tem medo de um dia chegar e eu estar desmaiada em algum canto da casa.
Fora as contas atrasadas, o carro sempre sujo e na reserva por 70 km (meu recorde!), a blusa branca no restaurante japonês e na cantina, e outras trapalhadas que acredito fazerem parte do dia-a-dia da maioria de nós, à exceção dos malditos perfeitinhos metódicos - que gente comum como eu não pode deixar de invejar e abominar e, aah se fosse possível, banir da sociedade.

Com você, meu mundo ficaria completo, Nando Reis

Não é porque eu sujei a roupa bem agora que eu já estava saindo
Nem mesmo por que eu peguei o maior trânsito e acabei perdendo o cinema
Não é por que não acho o papel onde anotei o telefone que estou precisando
Nem mesmo o dedo que eu cortei abrindo a lata e ainda continua sangrando
Não é por que fui mal na prova de geometria e periga d'eu repetir de ano
Nem mesmo o meu carro que parou de madrugada só por falta de gasolina
Não é por que tá muito frio, não é por que tá muito calor

O problema é que eu te amo
Não tenho dúvidas que com você daria certo
Juntos faríamos tantos planos
Com você o meu mundo ficaria completo
Eu vejo nossos filhos brincando
E depois cresceriam, e nos dariam os netos

A fome que devora alguns milhões de brasileiros
Perto disso já nem tem importância
A morte que nos toma a mãe insubstituível de repente
Dela eu já nem me lembro
A derrota de 50 e a campanha de 70 perdem totalmente o seu sentido
As datas, fatos e aniversários passam sem deixar o menor vestígio
Injúrias e promessas e mentiras e ofensas caem fora pelo outro ouvido
Roubaram a carteira com meus documentos
Aborrecimentos que eu já nem ligo
Não é por que eu quis e eu não fiz
Não é por que não fui e eu não vou

O problema é que eu te amo
Não tenho dúvidas que eu queria estar mais perto
Juntos viveríamos por mil anos
Por que o nosso mundo estaria completo
Eu vejo nossos filhos brincando
Com seus filhos que depois nos trariam bisnetos

Não é por que eu sei que ela não virá que eu não veja a porta já se abrindo
E que eu não queira tê-la, mesmo que não tenha a mínima lógica esse raciocínio
Não é que eu esteja procurando no infinito a sorte para andar comigo
Se a fé remove até montanhas, o desejo é o que torna o irreal possível
Não é por isso que eu não possa estar feliz, sorrindo e cantando
Não é por isso que ela não possa estar feliz, sorrindo e cantando
Não vou dizer que eu não ligo, eu digo o que eu sinto e o que eu sou

O problema é que eu te amo
Não tenha dúvidas, pois isso não é mais secreto
Juntos morreríamos, pois nos amamos
E de nós o mundo ficaria deserto
Eu vejo nossos filhos lembrando
Com os seus filhos que já teriam seus netos

13.4.07

Vida de frila, vida de casada II

Fim de semana de muito trabalho, supermercado, banho de creme, máscara para a pele, banho de banheira, caminhada, receitas a testar, filminhos alugados, contatos humanos apenas à distância.
Maridinho viajando...

Vida de frila, vida de casada

Há mais de um mês eu celebrava o fato de que haveria um salário no mês seguinte, mas cadê, cadê?
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Qual a diferença entre morar com uma draga e com um moço?

12.4.07

A despedida perfeita, rodando pela noite da cidade grande com bons amigos para lugares divertidos, dançar, dar risada, beber: é pra isso que karro serve, afinal! Além de levar a mãe pra cima e pra baixo, transportar-me no piloto automático pro escritório, mandar meu corpinho branquelo pra bronzear na praia, tomar multa de rodízio e outras, muitas outras serventias.
Agora minha amiguinha começa a ter suas próprias aventuras sobre rodas, espero que muitas e todas prazerosas como foram quase (quase!) todas as minhas.
Depois do apezinho, me desfaço do karrinho, estou rica, rica!... e saudosa também...

10.4.07

Amor

O que é melhor: amar alguém achando bonitinho até os seus defeitos, e às vezes se irritando com eles, ou amar cegamente achando o outro perfeito, isento do menor erro que seja?
Um dia as máscaras caem. Os olhos se abrem. As lentes cor-de-rosa se quebram.
Prefiro alguém que me ame carnalmente e não que me idealize.

Pode ser...

Eu me pergunto: quem tem família grande de comercial de molho de macarrão tem maior facilidade de socialização? Se alguém já tem um monte de primos e tios legais, sente necessidade ainda de fazer um monte de amigos? Por outro lado, como essa pessoa foi mais estimulada a se socializar, esse lado sempre será mais fácil para ela, portanto... mas apesar de ter sido mais estimulada, ainda acho que por não ter tanta necessidade ela terá menos amigos que aqueles solitários que no máximo têm pai e mãe e um irmão distante.

9.4.07

A Páscoa

Falando no casamento do ex da draga, foi um sucesso, apesar de longe, longe, longe.
Nunca vi noiva mais radiante, fiquei em dúvida se ela:
a. queria muito casar
b. queria muito casar com ele
c. todas as alternativas
Ela estava irreconhecível, já que normalmente não é muito de balada nem de agitação, prefere jantar fora ou fazer programas culturais.
A festa foi previsivelmente animada, meu cabelinho e maquiagem ficaram ótimos, o salão era muito bom.
Deu pra dançar e beber e rir muito. Só não deu pra descansar nem dormir, tampouco conhecer a cidade nem entender porque escolheram fazer tão longe sendo que moram em SP, apesar de a noiva ser de lá.

O baile (pré-Páscoa) do Baleiro foi uma delícia, como sempre.
A cirurgia da minha mãe que não foi muito bem e ela tem sentido dores, normal devido ao corte, que acabou sendo bem maior que o previsto. Espero que a bichinha melhore logo!
E agora de volta às porcas e parafusos, com muito sono e meio quebrada.

3.4.07

Dragas no more

Eu já morei com meus pais, morei em república com brasileiras, com poloneses, com uma "portuga aburrida!" e a última vez que dividi apartamento antes de morar sozinha foi com uma colega em São Paulo, lá no Butantã. O apartamento era de bom tamanho, dois quartos, porém pra duas pessoas com hábitos tão diversos, mostrou-se pequeno demais. Tenho lembrado esses dias dela, acho que porque seu ex vai casar agora na Páscoa e serei madrinha. Ela foi morar comigo logo que se separaram, pediu abrigo e eu dei, precisando de alguém para ajudar nas contas e na administração do lar, além da esperança de uma amizade e companhia. Ledo engano: depois de pouco tempo já não tínhamos assunto em comum além da novela das 8, e ela não só era completamente inútil nos afazeres e na manutenção domésticos, como ainda causava problemas, como detonar a fiação e quase incendiar a casa com a turbina a jato que usava para alisar os cabelos. A princípio eu me dispus a fazer as compras do mês, já que ela não tinha carro, mas depois de um tempo percebi que ela comia tudo, ou a maior parte, e achei melhor cada uma comprar o seu e comer o seu. Via de regra eu chegava com fome e não tinha mais nada! Cheguei a ficar sem água mineral nem nada mais, fora a famigerada vez que a d. Sofia fez panqueca pra mim e ela comeu com uma amiga (a d. Sofia limpava a casa e a de alguns amigos ela limpa até hoje, por isso eles ficaram sabendo). Fui dormir com fome. A minha draga (apelido carinhoso dado por minha amiga Lu pelos fatos supracitados!) não tinha muito respeito por mim: fumava, sendo que o acordo era nunca fumar lá dentro, e achava graça. Fazia festinhas na minha ausência com som alto até 8 da manhã, queimando meu filme no prédio. Continuava a usar a turbina na tomada errada na minha ausência, com riscos de novo problema na fiação, prédio velho sabe como é. A minha draga usava meu xampu, meu Plax e até meu sabonete quando os dela acabavam: nojento! Espero que nunca tenha emprestado minha escova de dentes, pelo menos. Ela fazia a d. Sofia lavar suas roupas na mão, de cama e de banho incluídas, abusando da saudosa senhora (as minhas eu lavava na minha mãe ou na lavanderia). Ela ria nas cenas da série "Hoje é dia de Maria", mesmo nas mais dramáticas. Ela tinha escravinhos que acionava quando, por exemplo, queimava o chuveiro, porque só sendo muito do interesse dela pra ir atrás de resolver algum problema em casa, no caso, lavar os cabelos pra poder alisar com a turbina. Ninguém nunca a viu com o cabelo sem escova, nunca! Ela era capaz de ficar secando de madrugada, mesmo tendo de acordar cedo pra trabalhar. Ela esperou que eu comprasse a lâmpada quando a dela queimou, ficou semanas levando o abajur da sala para o quarto. Ela comprava leite magro Leco e purê de batata em pó (eca!). Ela se achava muito cool porque começou a freqüentar raves ontem e bimestralmente compra roupas na Colci que custam 10% do seu salário. Uma prima dela jogou uma camisinha usada no lixo reciclável. Ah, tem mais, ela era incapaz de entender a dinâmica da reciclagem de lixo. Misturava tudo, jogava na cor errada! Ela tinha uma amiga que andava de plataforma dentro do apartamento de manhã, de tarde e de noite! Pessoas bem educadas se atraem.
A minha draga se mudou e eu tive que pintar o quarto porque tinha um pedaço de parede com infiltração caindo e ela nunca deu bola. Ela cancelou a linha telefônica logo que se mudou, deixando-me incomunicável. E tem mais, muito mais, nem lembro. Espero um dia esquecer que ela existiu.
Minha amiga Ro tinha uma draga também, logo que nos conhecemos, até que nos divertíamos falando mal delas, melhor que nada, né! Ro: dragas no more, essa é pra você também, que me ajudou a sobreviver a uma draga!